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A força preta e periférica está online para inspirar a nossa galera

Evento do Pinterest, com participação da CH, reuniu iniciativas que criam referências para a juventude negra da América Latina

Por Juliana Morales Atualizado em 30 abr 2024, 16h39 - Publicado em 24 abr 2024, 19h30
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uando você busca referências na internet, quem aparece? Você se sente representado? Por muito tempo,  a resposta dos jovens negros para essas perguntas era um grande “não”, sem titubear. Esse cenário vem mudando ao passo que produtores de conteúdos negros ganham espaço e voz nas redes e tornam-se referência para a galera. Por mais que ainda há muito que avançar nos quesitos representatividade e inclusão, não faltam exemplos da força preta e periférica no mundo digital.

Isso ficou bem evidente durante o evento ‘Building Brigdes’ (Construindo Pontes, em português), promovido pelo Pinterest, para celebrar as semelhanças e diferenças da comunidade afro-latina. O escritório da empresa em São Paulo recebeu nesta terça-feira (23) criadores de conteúdos e marcas para debater sobre o tema. E adivinha quem marcou presença? Sim, a CAPRICHO e a juventude potente e talentosa representada por integrantes da Galera CH.

Você já deve ter pesquisado looks, tatuagens, make ou decoração do seu quarto no Pinterest, né? A plataforma de descoberta visual é uma ferramenta muito usada, principalmente entre os jovens, para ficar por dentro das tendências e pegar ideias que despertem inspiração. Mas, assim como em todas as outras plataformas, é preciso muita atenção e trabalho árduo para construir um ambiente positivo e mais inclusivo para todos.

Diversos casos na internet já mostraram como o algoritmo e a inteligência artificial podem promover a manutenção e até intensificar o racismo estrutural no Brasil. Além de um olhar atento e agilidade para fazer essas correções, é preciso criar ferramentas e promover melhorias para que todas as pessoas se sintam acolhidas. Um exemplo é o filtro do Pinterest que permite buscas por tipos de cabelo. Assim, fica mais fácil de navegar pelo app e encontrar referências exclusivas e personalizadas.

“Eu sou a minha inspiração”

A busca por pessoas com aparências e histórias semelhantes as suas não é uma particularidade do mundo virtual. Na vida real e offline, pessoas negras querem ver mais semelhantes nas universidade, nos cargos de lideranças da empresa, na política e em todo lugar que ainda é ocupado pelo privilégio branco.

Andressa Melissa, de 15 anos, a integrante mais jovem da Galera CAPRICHO, estuda em uma escola particular frequentada por pessoas de alto poder aquisitivo. Ela afirma que dá para contar em poucos dedos o número de jovens negros como ela que tem acesso à instituição. “E muitos das pessoas pretas que estudam lá são bolsistas. Eu acho que esse benefício é muito bom, não sou contra, mas queria ver mais meninas pretas com a possibilidade de pagar uma escola como aquela”, conta em uma papo com outras jovens da Galera no escritório do Pinterest.

A comunicadora, Leticia Sanchez Garriz, nascida na República Dominicana, se mudou para Buenos Aires, na Argentina, quando tinha 30 anos. E, assim como Andressa deseja ver mais pessoas negras na sua escola, ela conta que buscava incansavelmente pessoas negras como ela no novo país. “Eu precisava me ver e ter referências”, contou em sua apresentação no evento. “Cada vez que eu via uma pessoa negra, falava ‘oi, estou aqui’”, relembra. 

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E foi assim, no meio de uma crise existencial e como um novo hobby, que ela começou a buscar as tendências e criar comunidade para empoderar pessoas pretas que eram minoria naquele território. Essa ideia se transformou, então, no Afrohunting: um estúdio criativo que propõe o intercâmbio cultural e a irmandade ancestral, por meio de iniciativas que envolvem arte, música e moda.

O ‘Kolors Fest’, por exemplo, é festival cultural para e produzido por pessoas negras. Já no ‘Buenos Aires Tour’ é contada toda história negra que está invibializada na Argentina. Outro exemplo é a ‘La Radio’, uma rádio online, que gera intercâmbio cultural por meio da música.

Leticia ressalta o resgate da sua ancestralidade para seu processo criativo: “No Pinterest, eu busco referências. As inspirações eu busco na minha infância”, diz apontando para uma foto de criança.

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“A favela tá on”

De Buenos Aires às favelas brasileiras, a representatividade fica à margem também. Thiago Trindade, sócio e cofundador da Digital Favela, começou sua carreira na publicidade em 2004, como produtor gráfico de uma agência até chegar ao cargo de diretor de criação. “Não via nenhum dos nossos nos departamentos de criação ou nas propagandas”, relembra durante sua fala no evento do Pinterest.

Até que em 2020, com a chegada da pandemia, ele percebeu que quem seria mais prejudicado era a base da pirâmide, os trabalhadores, os pretos, os periféricos, a favela. E aí nasceu a Digital Favela – a ponte entre a favela e o asfalto. Trata-se de uma plataforma que conecta um ecossistema de influenciadores da favela com grandes marcas.

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“Não é assistencialismo e nem romantização da favela, estamos falando de negócios. São quase 18 milhões de pessoas morando em favela e que movimentam 202 bilhões em renda própria por ano”, destaca Thiago. “E a gente está na internet, sim, diferente do que muitas pessoas pensam. O poder da favela é inspirar novas potências e criar referências”, completa.

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Para as jovens negras da Galera CAPRICHO, que conheceram essas histórias de perto e participaram do debate, ver essas iniciativas é um sopro de esperança para criar um futuro mais diverso, justo e representativo. Confira neste outro texto aqui o que a nossa galera tem a dizer sobre o tema.

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