O câncer de mama é o segundo mais comum entre as mulheres brasileiras, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. O carcinoma ductal invasivo, tumor que se inicia no ducto de leite e invade a parede mamária, chegando ao tecido adiposo, representa 70% dos casos. A cura está diretamente ligada ao diagnóstico precoce da doença e a hábitos saudáveis, conforme explica Andrea Cubero, mastologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo: “A prevenção contra o câncer de mama na vida de uma adolescente se resume ao desenvolvimento de bons hábitos de vida. Desenvolver hábitos saudáveis desde a infância é extremamente importante para se ter uma vida adulta e velhice saudáveis.”
A médica ainda esclarece que não há apenas uma causa para o câncer de mama, que está relacionado, na verdade, a uma série de fatores, sendo que a predisposição genética e as mutações conferem um grave risco, mas são responsáveis pela minoria dos casos. “Os fatores variam desde o tempo de exposição ao hormônio estrogênio até menstruar muito cedo, entrar na menopausa muito tarde, a idade da primeira gravidez, ter um pequeno número de filhos, não amamentar, fazer uso de terapia de reposição hormonal, etc. Outros fatores que influenciam no risco do câncer de mama são obesidade, consumo de álcool e sedentarismo“, lista a mastologista.
Ou seja, é importante que, desde a adolescência, a mulher tenha hábitos de vida saudáveis para prevenir a doença, como se alimentar bem, reduzir o consumo de carne vermelha e álcool, não fumar, praticar exercícios físicos, tentar não se estressar à toa e ter boas noites de sono. Outra maneira de atuar na prevenção ao câncer de mama é desmistificando mitos sobre a doença, tais quais:
1. Desodorante pode dar câncer
Mito. A Dra. Andrea Cubero conta que não existe nenhuma evidência científica que relacione o uso de desodorantes ao aparecimento de tumores mamários. Entretanto, os antitranspirantes possuem alumínio na fórmula, responsável por justamente impedir a passagem do suor pelos poros da axila, obstruindo-os. Essa ação bloqueadora pode vir a ser prejudicial à saúde, pois impede justamente que o corpo realize o equilíbrio térmico. Na dúvida, você pode optar por um desodorante natural/vegano.
2. Usar sutiã muito apertado pode dar câncer
Mito. Contudo, a mastologista Andrea salienta que usar sutiã apertado frequentemente pode causar dor mamária. Por isso, é importante escolher um modelo que dê sustentação para os seios, mas que seja, acima de tudo, confortável. Lembrando que dormir sem sutiã é um costume bastante saudável para a saúde.
3. Se sua mãe teve câncer de mama, você também terá
“Não exatamente. Somente 5% a 10% dos cânceres de mama são causados por alterações genéticas que são passadas de mãe para filha“, alerta a especialista. Mas, se você tem histórico de câncer de mama na família, principalmente por parte materna, é importante redobrar os cuidados e a atenção, realizando o autoexame já no início da fase adulta e visitando regularmente seu ginecologista, que pode vir a pedir exames de imagem, como ultrassom, se achar necessário, antes dos 40 anos, idade em que a Sociedade Brasileira de Mastologia começa a recomendar a realização de uma mamografia anual.
4. Só existe um tipo de câncer de mama
Mentira. Há vários tipos de câncer de mama, por isso o tratamento é individualizado. O mais comum deles é o carcinoma ductal invasivo e o carcinoma ductal in situ (ou não invasivo) representa hoje 20% dos novos casos de câncer de mama, segundo o American Cancer Society. Uma parcela muito pequena de mulheres é diagnosticada com carcinoma lobular invasivo, que se origina nas glândulas mamárias e tem sintomas mais difíceis de serem identificados.
5. Todos os tipos de câncer têm cura
A mastologista conta que, infelizmente, alguns nódulos malignos não têm cura, mas que ela está diretamente relacionada ao diagnóstico precoce. “Quanto mais se demora para fazer o diagnóstico, mais difícil de ficar curar”, garante. É por isso que o autoexame e os exames de imagem são tão importantes. Apesar do cenário, que pode realmente assustar, é importante frisar que cerca de 95% dos casos de câncer de mama apresentam chances de cura. Vanessa Saliba Donatelli, mastologista do IBCC Oncologia, conta que a ciência está sempre evoluindo no tratamento contra a doença e que, no Brasil, desde 2013, a paciente tem o direito de realizar a cirurgia reparadora ou de reconstrução da mama, após a retirada de parte ou de todo o seio. “Ao longo dos anos, se estabeleceu realmente que a mamografia é o método mais eficaz, a partir dos 40 anos, para a detecção precoce do câncer de mama. E a isso acrescentou-se, nas mulheres mais jovens e com história de câncer de mama em parentes de primeiro grau, a realização de ressonância nuclear magnética das mamas, com o aumento da eficácia do diagnóstico nas mulheres de alto risco. Estudos científicos mostram que 90% dos tumores podem ser causados por fatores e hábitos de vida ruins, mas que podem ser modificados. Orientamos que todas as mulheres mantenham uma vida saudável, com a prática de exercícios físicos, boa alimentação, controle do peso, abandono do tabagismo e da ingestão excessiva de álcool. Já em mulheres com história familiar de câncer de mama passamos a investigar a herança genética, com o estudo a partir de amostra sanguínea de possíveis mutações que possam predispor ao câncer de mama”, complementa a médica Vanessa Donatelli.
6. Pessoas com seios maiores têm mais chances de desenvolver câncer de mama
Mito. Apesar de, em 2007, o jornal New England Journal of Medicine publicar um artigo, escrito por Norman Boyd, investigador do Instituto de Cancro de Ontário, no Canadá, dizendo que mulheres com seios pequenos [cuja dimensão dificultaria a leitura por mamografia] apresentam um maior risco de desenvolver câncer, a mastologista Andrea Cubero explica que o câncer pode acometer todos os tipos de mama, e que atualmente já há alternativas tão eficazes quanto a mamografia quando o assunto são exames de imagem.
7. Próteses de silicone podem causar câncer
Mito. Alguns implantes podem realmente dificultar o diagnóstico de nódulos e tumores, mas não há nenhum estudo científico que comprove essa relação e, como as mastologistas já salientaram, hoje há mais opções de exames de imagem e eles estão mais avançados.
8. Mulheres que não engravidam ou amamentam terão câncer
Mito. Apesar de a amamentação ser uma forma de prevenção, não significa que toda mulher que não for mãe ou não amamentar terá câncer. Vale destacar, porém, que estudos comprovam que mulheres que amamentam por mais de seis meses têm menos chances de desenvolverem um tumor mamário, já que a produção de leite aumenta as atividades das células, que diminuem suas multiplicações – o que causa o nódulo cancerígeno. A gravidez tardia, depois dos 30 anos, cada vez mais comum, também é um fator de risco. Entretanto, ser ou não ser mãe é uma decisão da mulher que deve ser respeitada sempre.
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