8 curiosidades envolvendo as vacinas contra a COVID-19
Descubra alguns fatos gerais importantes sobre as vacinas disponíveis hoje contra o coronavírus! #VacinaTemQueTomar
Há mais de um século, mais precisamente em novembro de 1904, ocorria no Rio de Janeiro um motim popular contra a vacina anti-varíola, que ficou conhecido como a Revolta da Vacina. Sabemos que, na época, não existia a mesma quantidade de informações disponíveis e o contexto era outro, mas até alguns anos atrás, era difícil imaginar que em pleno século XIX existiria algum tipo de rejeição similar à ciência.
Desde o final de 2020, uma onda de fake news e desinformação fez com que parte da população passasse a temer as vacinas contra a COVID-19 e até a se tornar negacionista da droga, qualquer que fosse ela. Muitas notícias falsas envolvendo possíveis reações alérgicas e supostos efeitos adversos começaram a circular em grupos de WhatsApp, e até o próprio presidente da República contribuiu para esses boatos, sendo que a vacina sempre foi e sempre será uma das maiores aliadas no combate a pandemias.
Fato é que hoje o Brasil se tornou o epicentro global da pandemia de coronavírus e a melhor forma de combater isso, além de praticando o isolamento social sempre que possível e usando máscara, é se informando sobre sobre as vacinas disponíveis no mercado e tomando suas doses da droga assim que possível. Por isso, a Dra. Ekaterini Goudouris, diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), responde as principais dúvidas sobre os imunizantes a seguir:
1. A vacina pode mudar nosso RNA?
Mentira, não existe nenhum chance disso acontecer. “As vacinas que utilizam material genético do SARS-CoV-2 são compostas de RNA, ou seja, não entram no núcleo das células, onde nosso DNA fica”, explica a Dra. Ekaterini. Esse material genético que vem na vacina fica no citoplasma da célula, mais especificamente em uma organela que vai fabricar a proteína que é codificada pelo RNA. Por ser parecida com a proteína do vírus, ela vai estimular a resposta do nosso sistema imunológico! E não, isso não oferece nenhum risco ao nosso corpo, porque é apenas uma proteína que faz parte da COVID-19 e não o vírus inteiro.
2. A vacina é segura mesmo sendo produzida tão rapidamente?
Sim. Apesar de ser uma das vacinas produzidas no menor tempo até hoje, é preciso lembrar que houve uma corrida pela vacina e que, durante meses, descobrir um imunizante para a COVID-19 foi um objetivo compartilhado pelo mundo inteiro. Como lembra a Dra. Ekaterini, apesar da rapidez, nenhuma das etapas ou regras de segurança no desenvolvimento das vacinas foi pulada ou ignorada. “Muitas dúvidas restam, como por exemplo, por quanto tempo as vacinas são eficazes, mas são dúvidas que não comprometem a segurança”, esclarece.
3. As vacinas podem causar outras doenças em médio e longo prazo?
No último ano, surgiram boatos falsos de que a vacina poderia causar autismo, câncer e até HIV. Esse tipo de fake news apareceu principalmente envolvendo as vacinas que utilizam RNA que, como explicamos anteriormente, não alteram o nosso RNA. Não é a primeira vez que esse tipo de mentira surge, mas o que preocupa é o volume em que elas estão sendo propagadas: segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações, 67% dos brasileiros já ouviram e/ou acreditaram em uma notícias falsa envolvendo as vacinas. “Nenhum tipo de efeito adverso grave foi observado até o momento que contraindique a aplicação das vacinas contra COVID-19. O benefício delas supera em muito os riscos“, garante Ekaterini.
4. Depois de me vacinar, não vou mais precisar usar máscara?
Especialistas explicam que não voltaremos à normalidade em um piscar de olhos após a vacinação. Será preciso manter alguns cuidados, como o distanciamento social, a redução da capacidade máxima de lotação de estabelecimentos e uso de máscaras, por algum tempo. “É preciso que mais de 70% da população esteja vacinada para que a circulação do vírus diminua e se possa ‘relaxar’ em outras medidas”, explica a médica. Lembrando que ainda estamos vacinando os grupos de risco da população, e vagarosamente.
5. Pessoas com imunodeficiências podem se vacinar?
As duas vacinas que estão em uso no Brasil no momento, a CoronaVac e da Astrazeneca, podem ser aplicadas na maioria da população. Ambos os imunizantes podem ser usados em pessoas com imunodeficiências e com outras condições, como Câncer. As únicas pessoas que não se podem se vacinar são aquelas que já tiveram reações alérgicas graves por alguns dos componentes presentes em algumas das vacinas ou doenças crônicas que possam oferecer riscos.
Entre os componentes da CoronaVac, estão o hidróxido de alumínio, o hidrogenofosfato dissódico, o di-hidrogenofosfato de sódio, o cloreto de sódio e o hidróxido de sódio. Já a vacina desenvolvida pela Astrazeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, é composta por cloridrato de L-histidina monoidratado, cloreto de magnésio hexaidratado, polissorbato 80, etanol, sacarose, cloreto de sódio e edetato dissódico di-hidratado (EDTA).
6. Tenho risco de sofrer uma anafilaxia ao tomar a vacina da COVID-19?
“Se você tem histórico de anafilaxia a alguma vacina ou a algum componente das vacinas em uso, sim, esse risco existe. É importante frisar que não se tem observado reações anafiláticas com as vacinas em uso no Brasil até o momento, e “pessoas com alergia respiratória, dermatite atópica ou alergia alimentar não são consideradas de risco para anafilaxia por vacinas, a não ser que apresentem reações a algum dos componentes destas vacinas”, explica a médica. Caso você já tenha apresentado um quadro de anafilaxia por causa de outra vacina, é necessário conversar com o seu médico antes de se vacinar e, caso ele lhe oriente a tomar o imunizante, também avisar o profissional de saúde que vai aplicá-la sobre o seu histórico.
7. Pessoas que tomam imunoglobulina podem ser vacinadas?
“Sabemos que o uso de imunoglobulina humana pode atrapalhar a resposta às vacinas. No entanto, é seguro tomar a vacina e, diante da pandemia que vivenciamos, a indicação é que as vacinas sejam aplicadas mesmo que não tenhamos certeza se a resposta imunológica será ótima”, orienta a Dra. Ekaterini.
8. Quem já teve COVID-19 precisa se vacinar?
Sim, porque acredita-se que a resposta imunológica causada após contrair o vírus possa ser mais curta e menos consistente do que a obtida através da vacina. Sobre existir algum risco de se vacinar após já ter contraído a doença, o Ministério da Saúde diz que “não há evidências até o momento de qualquer preocupação de segurança na vacinação de indivíduos com história anterior de infecção ou com anticorpo detectável pelo SARS-COV-2″.