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7 músicas compostas durante a ditadura militar brasileira

O AI-5 foi o período mais intenso da Ditadura Militar no Brasil.

Por Isabella Otto Atualizado em 31 out 2019, 15h00 - Publicado em 31 out 2019, 15h00

É verdade. Foram muito mais de sete. Mas a quantidade de canções escritas durante o regime militar brasileiro, que durou de 1964 a 1985, não caberia em apenas uma matéria. O que, de várias formas, é positivo. Afinal, mostra que o povo não se calou e dá suporte para mais publicações como esta.

Reprodução/Reprodução

As músicas abaixo foram selecionadas, porque, de alguma forma, tiveram máximo destaque durante o período e foram importantíssimas para a História do Brasil, sendo lembradas até o dia de hoje.

Pega o fone de ouvido, pega o caderno de história e dá o play!

1. Apesar De Você, de Chico Buarque

Em outubro de 1969, Médici assumiu a presidência da república. No mesmo ano, o AI-5 entrava para a Constituição. Este Ato foi o mais duro do período da Ditadura Militar e dava total poder aos governantes e seus subordinados para punir aqueles que eram contra o regime. Muitos músicos acabaram “ganhando” o exílio devido a suas composições contra o governo, como foi o caso de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Assustado com a censura, Chico escreveu a canção de protesto Apesar De Você . O “você”, encontrado no título e na letra da canção, seria nada mais, nada menos, que o próprio Médici. Entretanto, a letra passou pela censura e o compacto (CD da época) vendeu 100 mil cópias em uma semana. Contudo, o governo passou a desconfiar da canção após uma nota publicada em um jornal carioca e mandou recolher todos os compactos vendidos, além de punir o censor que aprovou a canção e proibir a execução da canção nas rádios. Escute também a música Cálice, de Chico Buarque.

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2. Domingo No Parque, de Gilberto Gil part. Os Mutantes

A canção, lançada em 1967, levou o 2º lugar do III Festival de Música Popular Brasileira, realizado no mesmo ano. Na época, o militar Costa e Silva, conhecido por ser governo linha dura, estava no poder. O festival era vigiado por alguns agentes do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), que cuidava da censura, mas, mesmo assim, algumas músicas de cunho social, como Domingo No Parque, passaram pela censura e chamaram a atenção. A letra, além de ser importante para a história da música (sons de capoeira) e da política brasileira, contém várias figuras de linguagem, como anáfora e metonímia. Vale a pena a análise!

3. Pra não Dizer que não Falei das Flores, de Geraldo Vandré

Essa é, até hoje, uma das músicas de protesto contra o regime militar mais famosa. A canção, também conhecida como Caminhando, ficou com a 2ª posição do Festival Internacional da Canção de 1968. A primeira posição ficou para Tom Jobim e Chico Buarque, com a música Sabiá, também de protesto. O problema é que o público preferia a canção de Vandré e todo esse apelo popular resultou em vaias para Tom e Chico. Por isso, antes de se apresentar no festival, Vandré saudou os colegas de profissão. Para escutar a música Sabiá, e tentar escolher a sua favorita, clique aqui .

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4. Alegria, Alegria, de Caetano Veloso

A composição de Caê, de 1968, foi um dos maiores sucessos da Tropicália, movimento que modernizou a música popular brasileira. Rock, Bossa Nova, Samba e Baião se misturavam nas composições. Os tropicalistas acreditavam que a revolução no cenário musical, por si só, já era uma forma de protesto contra a ditatura. Por outro lado, os mais reacionários, criticavam os tropicalistas e suas músicas pela falta de protesto ativo. Ouça também: Tropicália, de Caetano Veloso.

5. Eu Sou Terrível, de Roberto carlos

Se de um lado os tropicalistas apostavam na revolução musical para protestar contra o regime militar, de outro, os “mocinhos “da Jovem Guarda faziam pura música de entretinimento, para animar os bailinhos. Roberto Carlos era o principal ídolo do movimento, ao lado de Erasmo Carlos e Ronnie Von. Eles apostavam em adaptações brasileiras de hits internacionais, como dos Beatles, para ganhar a fama. Em uma linguagem mais ao pé da letra (mas vale a pena uma reflexão mais profunda), a Tropicália era o movimento dos reacionários e a Jovem Guarda, o dos “riquinhos”, que, em uma linguagem mais atual, gostavam de ostentar: falavam sobre garotas, festanças, carrões…

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6. Carcará, de Maria Bethânia

O vídeo acima é um trecho da apresentação do Grupo Opinião, famoso pelo teatro de protesto. No início da Ditadura, em 1964, a apresentação, estrelada pela irmã de Caetano Veloso, marcou época com as canções do maranhense João do Vale. Carcará, ao pé da letra, é uma ave de rapina típica da região nordeste do Brasil, que se aproveita da fragilidade dos outros para se alimentar. Na peça, Carcará era uma metáfora para os militares. A voz forte de Bethânia fez toda a diferença para a interpretação da canção, que, anteriormente, era interpretada por Nara Leão, que tinha uma voz mais delicada.

7. O Bêbado e O Equilibrista, de Elis Regina

A música gravada pela Pimentinha, que, de início, parece tranquila, é considerada, até hoje, o Hino da Anistia. A cantora sempre foi engajada na política e gravou essa composição para questionar o exílio de alguns artistas brasileiros. No trecho “Dança na corda bamba de sombrinha e, em cada passo dessa linha, pode se machucar”, podemos identificar a metáfora do equilibrista de circo, que vive sempre sobre o fio e corre o risco de cair e se machucar a qualquer minuto, com os artistas na época da ditadura.

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