“Quero conhecer as verdades do amor conforme as vivemos”, escreveu bell hooks. Em sua obra Tudo sobre o amor: Novas Perspectivas, a autora, teórica feminista e ativista antirracista estadunidense questionou a falta de debates políticos a respeito do amor em nossa cultura hoje. A partir de suas vivências e de uma profunda pesquisa, ela aponta o quanto as pessoas (principalmente, a nossa galera, que é mais jovem) estão cínicas em relação ao amor. Você já parou para pensar sobre isso?
hooks defende que a gente conheça o significado do amor além do reino da fantasia – além do que imaginamos que pode acontecer. Entender o sentimento sem essa capa e de uma maneira mais realista também nos aproxima dele, segundo a autora. Mas como fazer isso? Os próprios livros podem ser grandes aliados nessa descoberta.
Para exemplificar, separamos cinco obras que trazem definições e reflexões sobre o amor e que vão fazer você repensar a forma que encara o sentimento e os seus relacionamentos.
Tudo sobre o amor: Novas Perspectivas
Como já falamos dele aqui, o primeiro é, justamente, a obra de bell hooks. A autora propõe que o primeiro passo é sempre pensar o amor como uma ação, em vez de um sentimento. Ela explica que somos ensinados que não temos controle sobre os nossos sentimentos, então quando falamos em ação, de certa forma, a palavra traz um senso de responsabilidade e comprometimento. Amar, segundo hooks, é expressar cuidado, afeição, responsabilidade, respeito, compromisso e confiança.
“O amor é o que o amor faz. Amar é um ato da vontade — isto é, tanto uma intenção quanto uma ação. A vontade também implica escolha. Nós não temos que amar. Escolhemos amar.”
A rosa mais vermelha desabrocha
Mulheres que correm com os lobos
A partir de mitos, contos de fadas e outras histórias, a psicóloga junguiana Clarissa Pinkola Estés traz semelhanças entre a loba e a mulher para falar sobre o resgate da natureza selvagem das mulheres. Se você ainda não leu Mulheres que correm com os lobos, vale a pena salvar na sua lista. É bem interessante!
No quinto capítulo, a autora conta sobre a Mulher-esqueleto. De forma muito resumida, é a história de um pescador que acaba pegando com a sua rede no fundo do mar o esqueleto de uma mulher. Ele fica muito assustado, enquanto a criatura só de ossos o persegue. Mas, aos poucos, eles vão se aproximando, ele enfrenta o medo, desenredá-la e isso traz a “cura” à mulher, que ganha, carne, cabelos e olhos saudáveis novamente.
Na obra, a Mulher-esqueleto representa a natureza da vida-morte-vida do amor. É uma analogia para falar sobre a importância de ter a consciência (e aceitar) que, dentro de um relacionamento e de qualquer relação, há coisas que precisam morrer para dar espaço ao que precisa nascer. O amor passa por transformações.
“Para amar é preciso não só ser forte, mas também sábio […] Como temos o relacionamento com a natureza da vida-morte-vida não saímos mas por aí à caça de fantasias, mas nos tornamos conhecedores das mortes necessárias e nascimentos surpreendentes que criam o verdadeiro relacionamento. Quando encaramos a Mulher-esqueleto, aprendemos que a paixão não é alguma coisa que se vai ‘obter’ mas, sim, algo gerado em ciclos e distribuído.”
A gente mira no amor e acerta na solidão
Em A gente mira no amor e acerta na solidão, a psicanalista e professora Ana Suy propõe um bate-papo sobre o amor, “essa experiência tão interessante que cada um vive sozinho junto com alguns outros ao longo da nossa passagem pelo mundo”. Ela traz reflexões e discussões sobre o tema a partir de suas experiências em salas de aula, em sessões de análise (enquanto analisante ou analista), com amigos, em leituras de pesquisas teóricas.
“Podemos ler que o amor contém a solidão em seu interior, pois no coração do amor está sempre a solidão, e por isso quem não suporta a solidão também não suporta o amor.”
Por que amamos: O que os mitos e a filosofia têm a dizer sobre o amor
Você já se perguntou o que está por trás do amor? Para responder esta indagação, o filósofo e professor Renato Noguera se debruçou sobre a filosofia, a ancestralidade, mitos africanos, indígenas, orientais, ocidentais e até sobre a biologia. Assim nasceu a obra Por que amamos: O que os mitos e a filosofia têm a dizer sobre o amor
Ao refletir sobre os diferentes significados do amor, o autor mostra que os ensinamentos de filósofos e pensadores das mais diversas eras e sociedades sobre o amor não se contradizem, mas complementam-se. Ou seja, “não há apenas uma resposta – assim como não há apenas uma forma de amor”.
“De acordo com os dagara, amar é escutar. É preciso aprender a ouvir as próprias necessidades, mas também as da pessoa amada e as exigências da intimidade. Para conhecer o amor, é necessário, antes de tudo, conhecer a si mesmo e ao outro.”
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