11 coisas que você precisa saber sobre o acidente nuclear de Chernobyl
Sabia que o que restou do pior desastre nuclear da história virou hoje um pólo turístico?
Você, provavelmente, já deve ter escutado falar sobre Chernobyl, seja na escola ou na internet. O assunto está ganhando mais repercussão agora que a minissérie da HBO, que conta a história do pior desastre nuclear de todos os tempos, está no ar. Mas você sabe como esse acidente realmente aconteceu e quais foram as consequências dele? É difícil acreditar que, mesmo após tantos anos, nosso planeta ainda sente os efeitos provocados pela tragédia…
Para explicar melhor, a CAPRICHO selecionou 11 coisas que você precisa saber sobre esse acidente que chocou o mundo inteiro. Pode se preparar aí, porque a história é assustadora.
1. Foi o maior e pior acidente nuclear da história
Ocorrido em 25 de abril de 1986, na Ucrânia, antiga União Soviética, o desastre nuclear da cidade de Chernobyl foi o pior acidente envolvendo energia nuclear que a humanidade já viu. Na época, o desastre chegou a atingir o nível 7 da Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES) – o estágio mais grave. Para se ter uma noção da gravidade do acidente, o volume de partículas radioativas de Chernobyl foi 400 vezes maior do que o emitido pela bomba atômica de Hiroshima, que foi lançada no Japão após a Segunda Guerra Mundial.
2. Tudo começou durante uma manutenção de rotina (e de segurança)
Durante muito tempo, a causa do acidente foi um verdadeiro mistério. Ninguém sabia dizer o que exatamente tinha causado a explosão. Nos dias atuais, o que se sabe é que uma manutenção de rotina estava agendada para ocorrer no quarto reator da Central Nuclear de V.I. Lenin – na usina, haviam quatro reatores nucleares RBMK (reatores canalizados de alta potência). No dia planejado para acontecer a manutenção, entretanto, os engenheiros planejavam aproveitar a ocasião para também testar se o reator ainda poderia ser resfriado, caso a usina ficasse sem energia. Contudo, os operadores tiveram que desligar os mecanismos de segurança para realizar o procedimento que ajustaria o sistema elétrico de controle. Foi quando uma oscilação na fonte de energia gerou uma sobrecarga no reator. Uma coisa levou à outra e o sobrecarregamento provocou uma explosão, deixando o núcleo do reator exposto e liberando material extremamente radioativo na atmosfera.
3. Atingiu outras regiões além da cidade de Chernobyl, que sofrem as consequências da radiação até hoje
Na época, muitas pessoas acreditavam que se tratava de apenas um incêndio e os bombeiros tentaram apagar as chamas, mas sem sucesso. Foram inúmeras tentativas de abafar o fogo e conter a contaminação radioativa, incluindo o despejo de areia e outros materiais lançados por helicópteros. Muito rapidamente, o material radioativo lançado pelo núcleo do reator se transformou em uma nuvem de fumaça tóxica que se espalhou por outras regiões. A área mais atingida por 100 mil km² na divisa entre as repúblicas soviéticas (que atualmente são países independentes) da Ucrânia, da Rússia e da Bielorrússia, mas elevou o nível de radiação em uma grande parte da Europa Ocidental e contaminou rios e florestas. Até 30% das 190 toneladas métricas de urânio da usina de Chernobyl foram emitidas na atmosfera.
4. Demorou mais de 36h para a cidade onde ficava a usina ser evacuada
Pripyat foi fundada para ser a cidade de moradia dos trabalhadores da usina nuclear de Chernobyl. Apesar dos níveis de radiação já serem críticos logo no primeiro instante da explosão, as autoridades levaram mais de 36 horas para evacuar a cidade em que a usina ficava. Foram evacuadas, ao todo, cerca de 300 mil pessoas. Em pleno período de Guerra Fria, divulgar um acidente nuclear era um risco político muito grande para as autoridades da época. Na verdade, um breve anúncio sobre o desastre só foi feito no dia 28 de abril, quase três dias após a tragédia.
5. O número de pessoas mortas pela radiação pode chegar até 93 mil
Estimativas indicam que duas pessoas morreram imediatamente com a explosão e 29 morreram por doenças causadas pela radiação nos dias seguintes. Os efeitos do contato com a radiação, contudo, podem provocar impactos a longo prazo, como o desenvolvimento de câncer em pouco tempo. Há quem diga que o número de mortes está entre 4.000 e 93.000 pessoas. Ainda é difícil, contudo, estimar um número exato de mortes provocadas pelos efeitos do desastre, mas milhares de pessoas foram afetadas diretamente por radiação. Nos primeiros cinco anos depois do acidente, os casos de câncer entre crianças aumentaram em mais de 90%. Durante os primeiros vinte anos, aproximadamente 5 mil casos de câncer de tireoide foram registrados em menores de 18 anos na Rússia, Ucrânia e Bielorrússia.
6. Mais de 100 mil mulheres grávidas foram aconselhadas a abortar
De acordo com um site especializado em notícias científicas, Live Science, muitos médicos em pontos da Europa e na União Soviética aconselharam mulheres grávidas a se submeterem a abortos. O procedimento era recomendado por eles porque havia um medo geral de que os bebês nascessem com defeitos congênitos, anomalias ou outros distúrbios provocados pela exposição à radiação.
7. Animais de estimação foram abandonados e sacrificados
Durante a evacuação, os habitantes da cidade não foram autorizados a levar seus animais de estimação. Muitos bichinhos ficaram perambulando sozinhos no local por algum tempo, mas esquadrões foram enviados pelas autoridades para sacrificar os animais. Contudo, ainda existem vários cães abandonados nas florestas de Chernobyl, embora tenham uma expectativa de vida reduzida por conta da exposição à radiação.
8. O desastre prejudicou gravemente o meio ambiente
Além de ter provocado a morte de centenas de pessoas, o desastre de Chernobyl também teve um impacto ambiental inimaginável. Logo após o acidente, uma área de cerca de dez quilômetros quadrados próxima da usina ficou conhecida como “Floresta Vermelha” porque as árvores ficaram com uma cor marrom-avermelhada e morreram com os altos níveis de radiação.
9. A área ao redor da usina seguirá inabitável por até 20 mil anos
Até os dias atuais, ainda existe níveis de radioatividade presentes na região de Chernobyl. Na verdade, cientistas estimam que, mesmo após mais de 30 anos do desastre, ainda será preciso cerca de 20 mil anos para que a área ao redor da usina, em Pripyat, seja habitável novamente.
10. Por isso, Pripyat virou uma cidade-fantasma e outras regiões foram abandonadas
Chernobyl, Pripyat e outras áreas ao redor da região onde ficava a usina nuclear foram abandonadas e atualmente são conhecidas como “Zona de Exclusão”. Como dito no tópico acima, ainda existem fortes níveis de radioatividade nesses locais e, por isso, é ilegal morar lá.
11. Apesar de tudo, os mais corajosos podem visitar Chernobyl e ver de perto o que restou da explosão
Mas, apesar de ainda haver radioatividade na Zona de Exclusão, turistas podem visitar o local e conhecer, de perto, onde o pior desastre nuclear da história aconteceu. É claro que existem áreas específicas que podem ser visitadas e normalmente os grupos são guiados por um guia turístico que orienta as pessoas a não encostarem nos objetos da cidade-fantasma, para evitar riscos à saúde. Vale lembrar também que, além de seguir as orientações do guia, esses locais foram cenários para uma das maiores tragédias que a humanidade já viveu e milhares de pessoas perderam suas casas, familiares e vidas ali. Portanto, visitar Chernobyl e tirar fotos posando com sorrisos e caretas pode ser bem desrespeitoso.
E aí, você conhecia a história de Chernobyl?