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Gautier Lee é cineasta, não-binária, negra e lésbica. Trabalhou em séries para a Amazon, Netflix, Globoplay e Comedy Central, tendo escrito as séries Auto Posto, Depois Que Tudo Mudou e De Volta aos 15, da qual também é diretora. É apaixonada por comédias românticas e narrativas teen.
Gautier Lee
Gautier Lee é cineasta, não-binária, negra e lésbica. Trabalhou em séries para a Amazon, Netflix, Globoplay e Comedy Central, tendo escrito as séries Auto Posto, Depois Que Tudo Mudou e De Volta aos 15, da qual também é diretora. É apaixonada por comédias românticas e narrativas teen.

Decidi estudar cinema por causa de ‘High School Musical’

Mas sempre tive vergonha de admitir.

Por Gautier Lee 21 jul 2024, 11h00

Eu fiz faculdade de Cinema. E eu sei que estamos numa coluna da Capricho e não numa entrevista de emprego, mas isso não muda o fato de que eu fiz faculdade de Cinema. Por que eu estou dizendo isso? Porque existem alguns rituais, por assim dizer, que marcaram a minha passagem pela faculdade. E um deles em particular foi inesquecível.

Foi logo no primeiro semestre. No primeiro mês pra dizer a verdade. Por algum motivo a Universidade havia chamado uma orquestra para tocar pros alunos que recém haviam ingressado. Nós assistimos à apresentação e então eu e alguns colegas de turma sentamos numa rodinha e começamos a conversar com o intuito de nos conhecermos melhor. Afinal nós passaríamos os anos seguintes matando aulas juntos (não matem aula!), dando uns beijos nos nossos colegas (não beijem colegas!) e, principalmente, fazendo filmes juntos (façam filmes, é legalzinho às vezes).

Mas, para fazermos filmes juntos, nós precisávamos, além de conhecer uns aos outros, conhecer os gostos cinematográficos das panelinhas que nós iríamos formar. Então cada um foi se apresentando e junto com as perguntas básicas de nome, idade, cidade natal e etc, foi feita também a pergunta que todo estudante deveria se preparar para responder: qual o seu filme favorito?

Eu paniquei. De verdade. Como que uma aluna de Cinema não conseguia responder qual era o próprio filme favorito? Mas a questão não era que eu não tinha um filme favorito. Porque eu tinha. E eu sabia muito bem que filme era esse. Mas enquanto meus colegas respondiam com orgulho que gostavam de Kill Bill do Tarantino ou Goodfellas do Scorsese ou ainda O Sexto Sentido do Shyamalan, o grande diretor que vinha na minha mente era o Kenny Ortega. Você pode não conhecê-lo de nome, mas você certamente conhece a obra-prima cinematográfica que ele dirigiu e que se tornou o primeiro filme de uma trilogia sem igual: High School Musical.

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E verdade seja dita, ninguém que faz Cinema faz Cinema por causa de High School Musical. Exceto eu. Tá, talvez exceto mais uns dois ou três doidos que existem por aí. Mas o filme que me incentivou a me esforçar durante dois anos para ingressar na faculdade dos meus sonhos (que virou um pesadelo, mas isso é papo pra outra coluna) não era o tipo de filme que eu iria aprender na sala de aula. E eu me envergonhava um pouco disso. Quem tem coragem de admitir, em plena graduação, que é apaixonada por um filme que assistiu aos 13 anos de idade? Eu não tive essa coragem. Mas agora eu tenho.

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Mas sempre tive vergonha de admitir.

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