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Menina pode, menino não: A revolução de Adam Mitch com a maquiagem

Em entrevista à CAPRICHO, influenciadora conta que comprou seu 1º produto aos 18 anos e que sonha em se consolidar como expert em beleza

Por Sofia Duarte 23 out 2022, 10h00

Adam Mitch cresceu lendo blogs sobre moda e beleza na adolescência até que decidiu criar o seu próprio canal de comunicação. Entrou para a faculdade de jornalismo ao mesmo tempo em que continuou aumentando sua presença na internet, especialmente através do seu canal no YouTube. Hoje, aos 27 anos, acumula mais de 1 milhão de seguidores no TikTok e virou referência em conteúdo de maquiagem.

Em entrevista à CAPRICHO, a influenciadora carioca relembra sua trajetória profissional até se tornar um verdadeiro fenômeno nas redes sociais e reflete sobre autoestima e representatividade.

Aos 12 anos, Adam mergulhou profundamente no universo dos blogs e foi aí que começou a ter contato com moda e beleza, uma vez que não era um assunto recorrente na sua convivência familiar. “Era um mundo que, na minha cabeça, era tão distante e que eu não via muitas pessoas como eu, mas eu adorava paquerar de longe. Era o meu momento de distração e de inspiração”, afirma. Depois, também começou a ter contato com redes sociais pioneiras, como Orkut e MySpace. “Era lá que eu encontrava a minha representatividade. A gente fala muito essa palavra hoje, mas não tinha tanto quando eu estava começando a formar a minha personalidade. Eu já procurava representatividade quando isso nem era um assunto que vinha muito na minha cabeça. Não tinham Pabllo Vittars e Gloria Grooves na televisão, então eu ia para a internet, e era lá onde achava a galera que eu mais me identificava“, diz Adam, que fazia parte dos movimentos emo e alternativo da época.

@adammitch.real

E esse gloss azul, hein 👀 usariam?! #resenhamaquiagem #resenhadam #glossholografico ib @Amanda Oligon

♬ som original – Adam

Foi assim até que ela decidiu expor sua opinião e sua própria voz de forma mais efetiva. “Minha mãe sempre foi alérgica a muita coisa e não usava nenhum tipo de maquiagem, nenhum creme, nada. Nem minha avó. Eu não tive essa referência de beleza na minha família. E, aí, eu não conseguia extravasar tudo o que eu consumia nessa minha persona. Então, decidi criar um blog e extravasar toda essa influência lá e já foi o suficiente para me mostrar que era aquilo que eu queria fazer.”

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Lembrando como começou seu contato com maquiagem, Adam revela que comprou seu primeiro produto aos 18 anos, quando estava na faculdade de jornalismo e trabalhava como estagiária em um jornal. “O meu primeiro contato com maquiagem foi muito emblemático, porque eu nunca tive maquiagem na minha vida. Minha mãe não tinha o hábito de se maquiar, ela só passava um blush e um batom quando ia a um casamento. Meus pais não são conservadores, mas nossa sociedade é tão louca que, mesmo eu morando em uma casa onde meus pais sempre me incentivaram a tudo, eu ainda sentia essa pressão de que menino não pode usar maquiagem. Então, eu me sentia sem graça de pedir para os meus pais e fui comprar a minha primeira maquiagem com 18 anos, com meu salário de estágio. Com meu primeiro salário, comprei uma bolsa; com meu segundo, comprei uma base em pó da Contém 1g.”

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Após se formar, pediu à sua mãe um ano para se dedicar inteiramente à internet. “Fazia 4 vídeos por semana [no YouTube], fora os trabalhos paralelos, sem muito retorno. Do jeito que estava, aguentaria por um ano, se não rolasse, eu não iria desistir, mas diminuiria significativamente e reorganizaria minhas prioridades.”

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Até que naquele período, no final de 2017, um vídeo em que Adam se transformava na Dua Lipa, usando toda a estética da era New Rules, viralizou, assim como vídeos em que comentava os bastidores do reality show RuPaul’s Drag Race, e, em menos de um mês, saiu de 10 mil para 100 mil inscritos. Já em 2021, o boom foi ainda maior no TikTok, plataforma em que a influenciadora publica muitas resenhas de produtos todos os dias. “Eu chamo a galera que me acompanha de viadams, uma brincadeira com meu nome”, conta a respeito da sua relação com os seguidores. “Não tem nada mais satisfatório do que você falar com gente que ama o seu trabalho, que admira o que você faz. É muito louco porque é aquele relacionamento que só existe na internet. Vocês nunca se viram, são de realidades diferentes, você chega em lugares que você nunca imaginou chegar, mas vocês acharam aquilo em comum e, de alguma maneira, criou-se um elo. Eu fico meio sem reação, mas só tenho agradecer, é muito especial.”

Falando a respeito de autoestima e maquiagem, Adam enxerga a conexão entre essas duas áreas, mas faz alerta para que uma não dependa da outra. “São duas esferas interligadas, mas que o mais saudável para a nossa saúde mental é mantê-las até um pouco separadas. […] A autoestima é fluida, tem dias que estou me sentindo uma grande gostosa, tem dias que não.”

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A maquiagem foi a ferramenta que eu utilizei para descobrir a minha vaidade. Além de ser uma ferramenta de trabalho, é o que me ajuda a imprimir uma sensação. É mais como uma expressão de personalidade. A mesma coisa com a moda, tem gente que veste roupa porque tem que estar vestido, tem gente que veste roupa para expressar alguma coisa. E a maquiagem é mais ou menos isso. Para se sentir bem, você não precisa estar maquiada, mas a maquiagem pode ser uma ferramenta para você externar o quanto você está se sentindo bem. Isso é importante, porque os padrões de beleza e esse mundo de fantasias da moda e da maquiagem sempre vai estar um passo a frente, procurando algo novo, a gente nunca vai estar completamente satisfeita com tudo, isso é natural. […] Então, quando entramos nessa parte da frustração, temos que repensar o que estamos fazendo. Se você depende muito da maquiagem para se sentir bem, não é esse o intuito. Mas ela pode ser uma boa ferramenta para você se expressar, se sentir mais confiante, se sentir mais você.”

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Adam ainda exalta a veia criativa da comunidade LGBTQIA+, sempre lançando tendências que, infelizmente, às vezes acabam sendo esvaziadas de sentido. “Toda a comunidade LGBTQIA+ e também a comunidade negra foram responsáveis por grandes movimentos da moda e da beleza que, embora hoje em dia a gente lute muito para isso, nunca foram muito reconhecidas. Na história, todas essas culturas, inclusive a emo e a underground, sempre foram responsáveis por lançar muitas modas e, quando cai no mainstream, nosso crédito é retirado. Hoje, vivo em São Paulo, na região da Avenida Paulista, o maior fervo LGBTQIA+ que podemos ver, e só de observar a galera, já dá para perceber não só a moda atual como muita interpretação do que está por vir. Então, essa é uma comunidade que me inspira, que foi e continua sendo precursora de muitos movimentos. A gente luta para que, uma vez que vire mainstream, a nossa existência não seja abafada porque a Bella Hadid usou. Quando essa tendência vira moda, a gente não pode esquecer de onde ela vem, porque é uma comunidade inspiradora e criativa. Os LGBTQIA+ são diretores criativos, uma galera muito visionária pelo o que vem, então me inspiro muito nisso. Acho que essa relação é quase que histórica.”

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Para finalizar, perguntamos o que Adam diria para sua versão adolescente e quais são seus sonhos futuros. Segundo ela, os conselhos mais valiosos seriam: mantenha-se curiosa, tenha personalidade e seja resiliente. “Durante todos esses anos, eu me vi quebrando muitas barreiras pessoais. Todas as minhas inseguranças são deixadas para trás com um sentimento novo de eu vou conseguir, eu vou aprender. A curiosidade entra até nesse sentido de sempre estar se aprimorando, procurando o que tem de novo na tecnologia, não só em maquiagem, mas em vários campos, e implementar da sua maneira. Você nunca sabe de onde a inspiração vai vir”, declara.

@adammitch.real

Responder @isacammpos Posso me considerar a testadora oficial de gloss preto que muda de cor?! #resenhadam #resenhamaquiagem #batommagico @Miss Lary Cosméticos

♬ som original – Adam

Sobre uma possível marca de maquiagem própria, Adam garante que ainda não está nos seus planos a curto prazo, uma vez que sua prioridade no momento é consolidar seu nome no mercado. “Meu sonho profissional é me consolidar como uma autoridade de beleza. Ser expert e virar uma pessoa reconhecida nisso“, conclui.

Desejamos muito sucesso e realizações para você, Adam! <3

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Menina pode, menino não: A revolução de Adam Mitch com a maquiagem
Em entrevista à CAPRICHO, influenciadora conta que comprou seu 1º produto aos 18 anos e que sonha em se consolidar como expert em beleza

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