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“Me subestimam por ser cadeirante, mas isso me dá força para tentar mais”

Ana Clara Moniz, de 20 anos, tem Atrofia Muscular Espinhal (AME) e dá aula de autoestima todos os dias em suas redes sociais

Por Izabel Gimenez Atualizado em 18 jul 2020, 12h19 - Publicado em 18 jul 2020, 10h03

Ana Clara Moniz é o tipo de garota que você quer ser amiga, sabe? Em seu Instagram, a jovem de 20 anos compartilha um pouco da sua experiência como cadeirante e inspira muitas pessoas que, assim como ela, ainda sofrem com olhares tortos por conta da deficiência. No seu primeiro ano ano de vida, a estudante de jornalismo foi diagnosticada com uma doença rara chamada Atrofia Muscular Espinhal, conhecida por muitos como AME.

“Conforme fui crescendo, minha mãe percebeu que eu era muito molinha e não estava conseguindo me desenvolver como as outras crianças da minha idade. A minha doença ela é genética e além de ser neuromuscular, também é degenerativa. Isso significa que todos os músculos dos meus corpos são afetados e com o tempo ela vai piorando”, explicou em entrevista à CAPRICHO.

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quem é essa doida arrumada em plena quarentena na minha casa andando na minha cadeira de rodas???? ata sou eu, até assustei

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Por muito tempo, seu corpo foi motivo de insegurança, mas hoje é sinônimo de orgulho. “A adolescência sempre é difícil, mas principalmente para mim que nunca tive contato com outros jovens com deficiência e só fui conseguir isso quando criei minhas redes sociais. Até então, sempre fui muito única – não no sentido positivo da palavra”, afirma Ana, que garante que apesar de todas as suas limitações, nunca abriu mão dos seus sonhos e da sua independência. “Sempre fiz o que eu queria fazer. As pessoas costumam me subestimar por ser cadeirante, mas uso isso a meu favor, e tenho ainda mais força para tentar“, completa.

Recentemente, ela fez um vídeo se maquiando em seu perfil no Instagram chamado “Esse não é um tutorial de maquiagem“. De fato, foi muito mais que isso! O mundo da beleza entrou na sua vida sem querer. Quando tinha mais ou menos 13 anos, uma maquiadora trabalhava na casa da Ana para ajudar a cuidar dela enquanto seus os pais estavam fora. “Ela adorava me arrumar e eu comecei a gostar disso. Aos poucos, fui tentando fazer sozinha. Eu nunca fui uma pessoa muito vaidosa, talvez porque eu quisesse evitar chamar atenção, então preferia o básico. Mas isso é um momento de autocuidado e valorizo isso“, disse.

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✨esse não é um tutorial pq eu não sei o que eu to fazendo. não to aqui pra ensinar técnicas mirabolantes e testar produtinhos (bem que eu gostaria, viuuu?) só vim aqui com esse vídeo pra te mostrar como eu faço. e falar sobre independência. eu poderia acreditar em você. mas eu resolvi tentar sozinha. ✨ o que isso tem a ver? ah, assiste aí que vc vai saber! ps.: nem todo ato é de coragem. as vezes a gente só tá tentando ser a gente.

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Os desafios se tornam ainda maiores quando os produtos não são pensados para pessoas com deficiência. A falta de acessibilidade é uma realidade e, por isso, Ana precisa adaptar suas técnicas. “Talvez eu não faça certo, mas funciona para mim. Procuro a melhor forma e faço do meu jeito. Esse é o único jeito de aprender”, conta.

“Eu, por exemplo, não consigo levantar tanto meus braços, então preciso descer minha cabeça com força para conseguir fazer o traço delineado. Eu quero isso, é importante para mim. Se você quer, vale a pena tentar. Não ouça o que as outras pessoas dizem sobre isso. É preciso ter paciência. Pode ser que não fique perfeito, mas a verdade é que o resultado final não importa tanto, o processo é muito mais divertido“.

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Infelizmente, a falta de inclusão não acontece apenas no mundo da beleza. De acordo com a Ana, a moda também deixa a desejar. “A modelagem do meu corpo é diferente, então é muito difícil eu conseguir encontrar roupa, porque além de ser muito pequena, também tenho dificuldade para vesti-las sozinhas. Apesar de existir peças adaptáveis, ainda é muito difícil encontrar looks que seguem tendências, eles costumam ser muito simples”, fala.

Por fim, Ana reforça a importância de consumir conteúdos de pessoas que te inspiram e te fazem sentir uma pessoa ainda mais incrível. Para te ajudar nessa, ela indicou três contas do Instagram que são inspiradoras, inclusivas e muito empoderadoras! Se liga só:

Maria Paula Vieira – @mpvfotografia 

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Uma vez uma pessoa me disse, “eu sou uma pessoa com cicatrizes demais, quando eu estico elas doem todas de uma vez, sabe?”. Eu sei. Sei bem. Nesse contexto da conversa eram cicatrizes emocionais, que muitos não veem, mas está ali, dentro de nós e elas também marcam fundo. Existem tantas cicatrizes que a vida nos deixa, por fora e por dentro. Independente do tipo, é muito difícil de expor, são nossas fragilidades, nossas histórias, dores e amores. Eu poderia dizer aqui uma frase motivacional sobre olhar para elas de forma diferente, aprender com cada uma, mas todos temos nosso tempo e processo. Toma o seu, olha quando der, se não der por hoje, tudo bem. Uma hora, por experiência, eu juro que fica mais fácil e você até vai enxergar beleza! Daqui, eu já estou vendo. Com isso, quero dizer: obrigada, obrigada, obrigada, a todos que confiam suas cicatrizes a mim, muitas não são visíveis, mas vocês estão lá, mostrando e esticando em cada momento do meu trabalho. Obrigada por me deixar trazer beleza a vocês e suas marcas! 💜 Na foto, uma mulher muito especial que eu tive o prazer de conhecer e em breve venho mostrar mais e contar sobre essa pessoa incrível!

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Michele Simões – @micsimoes

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Futuro look do dia? Essa imagem possui texto alternativo #pracegover #pratodosverem . . . #meucorpoéreal #modainclusiva #cadeirante #disabledfashion #allbodies #estilopessoal #consultoriadeimagemeestilo #geraçãodevalor #imagempessoal #modaconsciente #inclusão #inclusãosocial #semrotulos #sejaleve #bodypositive #consultoriademoda #acessibilidade #acessibilidadeparatodos #consumo #negócios #empreendedor #consultoriadeestilo #confystyle

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Zannandra Fernandez – @zannandra

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Achei umas fotos desse ensaio hoje durante o meu surto e to pensando pq nunca postei elas 📸: @amariamole

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Que força, hein? <3

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“Me subestimam por ser cadeirante, mas isso me dá força para tentar mais”
Beleza
“Me subestimam por ser cadeirante, mas isso me dá força para tentar mais”
Ana Clara Moniz, de 20 anos, tem Atrofia Muscular Espinhal (AME) e dá aula de autoestima todos os dias em suas redes sociais

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