Recentemente, o Brasil quebrou mais um recorde, de novo envolvendo a Floresta Amazônica. O desmatamento ilegal em áreas de conservação, que em tese deveriam ser mais protegidas, cresceu 40% no último ano. Entre agosto de 2019 e julho de 2020, foram mais de 10 mil km² de áreas afetadas, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), analisados pelo WFF Brasil.
Desse número, 1.008 km² de bioma destruído estavam em áreas de conservação e 9.215 km² em outras regiões da Amazônia Legal. Pelo segundo ano consecutivo, a destruição em unidades de preservação bateu recordes. “O desmatamento não é decorrente de atividades lícitas de manejo florestal ou de abertura de áreas agrícolas por comunidades locais. São derivadas de intensos processos de invasão e grilagem por grupos organizados, turbinados pela expectativa de regularização anunciada pelo governo federal, que chegou a enviar ao Congresso Nacional a MP 910″, informou em nota a WWF.
Neste ano, o desmatamento da floresta vem registrando picos assustadores, muito porque, com a pandemia de coronavírus, e a “cortina de fumaça” criada por ela, a fiscalização na Amazônia caiu drasticamente. O governo também aproveitou que a atenção da mídia e população está amplamente voltada para a área da saúde para aprovar medidas que são interessantes para o sistema capitalista, a economia não verde do país e a bancada ruralista, como a própria MP da Grilagem.
Outra questão que preocupa é o fato de que essa destruição atinge em peso áreas indígenas, que estão também sendo intensamente afetadas pela pandemia de COVID-19. “São mais de 200 áreas protegidas e a maior parte do desmatamento está concentrada em dez delas”, informou Mariana Napolitano, gerente de ciências do WWF, ao jornal O Estado de S. Paulo.
Na última segunda-feira, 31, o cacique Raoni Metuktire, conhecido internacionalmente por sua luta em prol da Amazônia e dos povos indígenas, foi internado após testar positivo para o novo coronavírus. Ativistas falam em genocídio da população indígena brasileira, alertam sobre o desaparecimentos desses povos nativos e garantem que o governo não está contabilizando corretamente as mortes de indígenas pela doença, mostrando números menores que os reais.