Ativistas ambientais alertaram que a pandemia de coronavírus no Brasil poderia funcionar como uma cortina de fumaça para os crimes ambientais que acontecem na região Norte do país, especialmente na Amazônia. Os alertas não foram baseados na fonte “vozes da cabeça”. De acordo com dados recentes do estudo Sistema de Alerta do Desmatamento, o desmatamento da Amazônia aumentou 171% em abril deste ano comparado a abril de 2019.
O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) ainda divulgou, na última segunda-feira (18/5), que a área desmatada em abril foi a maior nos últimos dez anos. Foram 529 km² destruídos, o equivalente à área da cidade de Porto Alegre.
No início de maio, o Ministério Público Federal já havia alertado que o desmatamento da Amazônia havia crescido 51% até então em meio à pandemia de COVID-19. Para os que ainda acreditam em coincidências, o número de atuações de fiscais no primeiro trimestre de 2020 foi o menor registrado em 20 anos na região amazônica. O desmatamento aumenta descontroladamente ao mesmo tempo em que a fiscalização diminui e a pandemia de coronavírus atinge seu pico no Brasil.
Na última terça-feira (19), segundo reportagem de Regina Pinheiro, da Rádio Senado, dois senadores, Rogério Carvalho (PT-SE) e Fabiano Contarato (Rede-ES), criaram uma medida para derrubar o decreto presidencial de Jair Bolsonaro que transfere do Ministério do Meio Ambiente para o da Agricultura poder para concessão de florestas públicas. O projeto que tenta sustar esse decreto é o de n° 226, de 15 de maio de 2020. Transferir esse poder para o Ministério da Agricultura poderia significar um afrouxamento nas normas e na fiscalização das leis de desmatamento das florestas para criação de pastagens para gado, uma vez que a bancada pecuarista domina a pasta.